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Uva Autóctone, papo pra expert.

  • Posted on September 3, 2012
  • by didu
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NEBBIOLO

Autóctone, segundo o dicionário é palavra que vem do grego (autókhton) e significa “Natural do país em que habita e proveniente das raças que ali sempre habitaram. Pessoa, animal ou planta originários do lugar que habitam”. Seu antônimo é “Alóctone”. Não sabia, quer dizer que toda Cabernet Sauvignon fora de Bordeaux é casta alóctone…

 

No mundo do vinho o termo tem importância e causa reflexão, pois algumas castas acabaram ficando mais famosas “alóctones” do que autóctones, como o caso da Malbec (autóctone do Cahors na França) que na Argentina se transformou em símbolo do pais e conquistou apreciadores nos quatro cantos do mundo.

 

Outro caso é a alóctone Tannat no Uruguay, que da mesma forma se tornou emblemática do pais, mas é autóctone do Madiran na França. Também o Chile vem colhendo resultados excepcionais com a alóctone Carmenère, que se considerava extinta até três décadas atrás, mas que é autóctone de Bordeaux (notadamente da margem direita do Gironde onde antes da praga Philoxera Vatraxtis era a casta mais plantada ali), na França.

 

Outro caso pouco conhecido por nós é a Steen da África do Sul que é considerada por muitos como autóctone, mas que na verdade é a Chenin Blanc do Vale do Loir na França. Ela estea lá há mais de 300 anos e tem área plantada de Chenin, maior que toda a Chenin da França, mas na verdade trata-se de uma alóctone com o nome de Steen…

 

Muito interessante também a história contada por Hervé Birnie-Scott enólogo do projeto Terrazas de Los Andes, que dá conta do milagre da Torrontés na Argentina. Muitos acreditavam que a uva era uma adaptação da casta Terrantez espanhola,  que inclusive originou seu nome Torrontés, porém por estudos de DNA descobriu-se que a Torrontés é o resultado da fertilização de duas uvas, a Moscatel de Alexandria  e a uva  Mission trazida pelos missionários jesuítas para fazer o vinho de celebração da missa.

 

Como a ciência cisma em tirar o encanto da poesia, outro caso de casta autóctone desmentido recentemente, causando perplexidade no mundo do vinho, foi a da uva Syrah (nome usado no Rhone – França) que é a mesma Shirraz (que ficou famosa e quase emblemática da Austrália) de tantos outros países do chamado novo mundo do vinho. Sempre se acreditou que a casta teria vindo da antiga Pérsia, da cidade homônima de Shirraz, trazida pelos cruzados. A história era reforçada com o caso do cruzado que abandonou a vida mundana e ficou em meditação até sua morte numa capela, nasceram vinhos da casta com o nome Hermitage, um show de vinho aliás, reforçando a tese. Nada disso, os estudos de DNA tiraram todo o encanto da poesia e comprovaram que a casta é autóctone mesmo do Rhone.

 

As autóctones têm grande importância aos puristas, pois estão impregnadas de história e caráter, convenhamos que o prazer de tomar uma taça de um Agiorgítiko na Grécia, uma Grüner-Weltliner na Áustria ou uma Nebbiolo em Alba – Itália, apenas para citar três castas maravilhosas, não tem preço…

 

Importante notar que existem 20 famílias de plantas do gênero Vitis, aquelas que dão uvas, porém apenas uma delas permite a produção de bons vinhos: a Vitis Vinífera que tem potencial para elaboração de vinhos com graduação alcoólica superior a 10º GL.

 

Ninguém sabe ao certo e cada um fala em um numero, mas segundo Hugh Johnson mas acredita-se que haja cerca de cinco mil tipos de vitis-vinífera, no mundo, sendo a Itália o pais com a maior quantidade, algo como duas mil castas. Fico sempre pensando como fazer para experimentar de todas.

 

Entre todas essas autóctones as que mais sucesso fizeram como alóctones foram certamente a Cabernet Sauivignon e a Chardonnay por sua grande adaptabilidade a clima e solo.

 

Quanto ao solo o aspecto mais importante é a sua permeabilidade, ou seja, a sua capacidade de escoamento da água.

 

Isto vale para para Napa Valey, para Bordeaux ou para o D’Ouro. Vale para o pobre solo pedregoso da Côte Rotie e para o arenoso saibro de Margaux. Vale para os solos calcários, aluviais e vulcânicos e às vezes argiloso, arenoso e de marga da Puglia como vale para o solo especial denominado de “Licorella” no rochoso Priorato. Vale para o solo do Vale do Maipo, irrigado com as águas geladas que descem dos andes, como vale para Carneros na Califórnia com a neblina gelada de seu vale, e para Malborough na Nova Zelândia, com seus ventos mornos.

 

Solo com bom escoamento é solo quente, enquanto que solo que retem a água é solo húmido. E a temperatura do solo, mais que a do ar é que decide o aparecimento das primeiros brotos.  Mais frio o solo, mais ácido o vinho.

 

As questões básicas, por tanto são o tamanho das partículas do solo e seu pH (medida de acidez), em relação ao seu clima. Os solos vão do cascalho à argila, passando pela areia fina e o aluvião. O pH ou alcalinidade funciona assim:

 

pH menor que 7 é um solo ácido

ph igual a 7 é um solo neutro

pH maior que 7 é um solo alcalino.

 

Porém o competente enólogo Reinaldo De Lucca garante que o mais importante na adaptação de uma casta em outro pais é o clima, muito mais que o solo, altitude, amplitude térmica e ventos definem mais que o solo se ela será uma alóctone de qualidade ou não. Saúde.

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